VALENTE , JOSÉ ARMANDO. ALMEIDA ,
FERNANDO JOSÉ DE. Visão analítica da Informática na Educação no Brasil: a questão
da formação do professor.
NIED-UNICAMP / PUC-SP
PUC-SP
Resumo:
A informática
na educação no Brasil nasce a partir do interesse de educadores de algumas
universidades brasileiras motivados pelo que já vinha acontecendo em outros
países como nos Estados Unidos da América e na França. Começou de forma
similar ao formato do Brasil.
O
aparecimento dos microcomputadores no início dos anos 80 facilitou a
disseminação destes nas escolas permitindo novas modalidades de uso do
computador na educação, porém, as expectativas não foram superadas porque os
professores não estavam capacitados.
A
formação de professores do 1º e 2º graus para usarem a informática na educação
recebeu uma atenção especial de todos os centros de pesquisa do EDUCOM. Além
das dificuldades operacionais que a remoção do professor da sala de aula causa,
os cursos de formação realizados em locais distintos daquele do dia-a-dia do
professor, acarretam ainda outras.
Idéias
principais:
De
forma introdutória, os autores do texto dizem que a informática na educação no
Brasil surgiu em 1970 a
partir de algumas experiências na UFRJ, UFRGS e UNICAMP. Mas até hoje a informática
na educação não está consolidada no nosso sistema educacional. O autor defende
que a falta de verbas, preparação inadequada de professores e mais outros
fatores contribuem para escassa penetração da Informática na Educação. O
objetivo do computador é provocar mudanças pedagógicas e não automatizar o
ensino.
Na
segunda parte os autores dizem que informática na educação no Brasil nasce a
partir do interesse de educadores de algumas universidades brasileiras
motivados pelo que já vinha acontecendo em outros países como nos Estados
Unidos da América e na França. Na seqüência, os autores escrevem que nos
Estados Unidos da América, o uso de computadores na educação é completamente
descentralizado e independente das decisões governamentais. Seu uso é
pressionado pelo desenvolvimento tecnológico e pela competição estabelecida
pelo livre mercado das empresas que produzem software, das universidades e das
escolas. Começou de forma similar ao formato do Brasil.
O aparecimento
dos microcomputadores no início dos anos 80 facilitou a disseminação dos
microcomputadores nas escolas permitindo novas modalidades de uso do computador
na educação, porém, as expectativas não foram superadas porque os professores
não estavam capacitados.
No
início da década de 90, a
expansão do uso dos pc’s permitiu o uso do computador em todos nos níveis da
educação americana sendo utilizado na maioria das escolas em todos os níveis de
ensino porém não houve mudanças pedagógicas radicais, sendo apenas perceptível
uma leve mudança por causa do avanço tecnológico e não por iniciativa do setor
educacional, a internet é um exemplo. Os professores foram treinados sobre as
técnicas de uso do software educativos em sala de aula e/ou profissionais da
informática ministravam aulas apenas para minimizar o "analfabetismo em
informática".
A França
a primeira no ocidente a enfrentar e vencer o desafio da informática na
educação e servir de modelo para o mundo. A informática na educação se deu
tanto na produção do hardware e do software quanto na formação das novas
gerações para o domínio e produção de tal tecnologia, sendo bem planejada. Nos
anos 60 e início dos anos 70 os software empregados em educação tinham base na
teoria comportamentalista e no condicionamento instrumental
(estímulo-resposta). No terceiro plano nacional os objetivos continuavam sendo
a aquisição do domínio técnico do uso do software e a integração de ferramentas
computacionais ao processo pedagógico para que o aluno seja capaz de usar a tecnologia
da informática.
No
Brasil o uso do computador na educação teve início com algumas experiências em
universidades no inicio da década de 70, mas a implantação do programa de
informática na educação se deu em seminários de informática em 1981 (UnB) e
1982 (UFBa) originando o EDUCOM. Nesse contexto, a função do MEC era a de
acompanhar, viabilizar e implementar essas decisões diferente dos outros
países. É necessário repensar a questão da dimensão do espaço e do tempo da
escola. O papel do professor deixa de ser o de "entregador" de
informação para ser o de facilitador do processo de aprendizagem. Nas escolas
particulares o investimento na formação do professor ainda não é uma realidade.
Nessas escolas a informática está sendo implantada nos mesmos moldes do sistema
educacional dos Estados Unidos no qual o computador é usado para minimizar o
analfabetismo computacional dos alunos ou automatizar os processos de
transmissão da informação.
Embora
as questões envolvidas na implantação da informática na escola estejam mais
claras hoje, as nossas ações no passado não foram voltadas para o grande
desafio dessas mudanças.
A
formação de professores do 1º e 2º graus para usarem a informática na educação
recebeu uma atenção especial de todos os centros de pesquisa do EDUCOM. Essa
formação tem sido feita através de cursos que requerem a presença continuada do
professor em formação. Além das dificuldades operacionais que a remoção do
professor da sala de aula causa, os cursos de formação realizados em locais
distintos daquele do dia-a-dia do professor, acarretam ainda outras. Primeiro,
esses cursos são descontextualizados da realidade do professor. O conteúdo dos
cursos de formação e as atividades desenvolvidas são propostas
independentemente da situação física e pedagógica daquela em que o professor
vive. Em segundo lugar, esses cursos não contribuem para a construção, no local
de trabalho do professor formando, de um ambiente, tanto físico quanto
profissional, favorável à implantação das mudanças educacionais. O FORMAR teve
como objetivo principal o desenvolvimento de cursos de especialização na área
de informática na educação. Em cada um dos cursos participaram 50 professores,
vindos de praticamente todos os estados do Brasil. Esses profissionais, em
grande parte, são os responsáveis pela disseminação e a formação de novos
profissionais na área de informática na educação. Em segundo lugar, o curso
propiciou uma visão ampla sobre os diferentes aspectos envolvidos na
informática na educação, tanto do ponto de vista computacional quanto
pedagógico. Terceiro, o fato de o curso ter sido ministrado por especialistas
da área de, praticamente, todos os centros do Brasil, propiciou o conhecimento
dos múltiplos e variados tipos de pesquisa e de trabalho que estavam sendo
realizados em informática na educação no país.
Primeiro,
o curso foi realizado em local distante do local de trabalho e de residência
dos participantes. Os participantes do curso nunca tiveram a chance de
vivenciar o uso dos conhecimentos e técnicas adquiridas e receber orientação
quanto à sua performance de educador no ambiente de aprendizado baseado na
informática.
Isso
aconteceu tanto por falta de condições físicas (falta do equipamento) quanto
por falta de interesse por parte da estrutura educacional. Resultado: não
alcançamos as mudanças e ainda contribuímos para o fracasso dos cursos de
formação de professores!
Não
obstante suas dificuldades, certos aspectos do Projeto FORMAR, principalmente
conteúdo e metodologia, passaram a ser usados como base para outros cursos de
formação na área de informática na educação. As experiências de implantação da
informática na escola têm mostrado que a formação de professores é fundamental
e exige uma abordagem totalmente diferente. Primeiro, a implantação da
informática na escola envolve muito mais do que prover o professor com
conhecimento sobre computadores ou metodologias de como usar o computador na
sua respectiva disciplina. Por exemplo, dificuldades de ordem administrativa
sobre como viabilizar a presença dos professores nas diferentes atividades do
curso ou problemas de ordem pedagógica: escolher um assunto do currículo para
ser desenvolvido com ou sem o auxílio do computador.
Nos
Estados Unidos o Apple foi o microcomputador disseminado nas escolas. No
Brasil, embora existissem mais de 40 diferentes fabricantes de computadores do
tipo Apple e muito software e hardware disponível, ele não foi adotado como o
computador da educação. Essas facilidades permitiam o desenvolvimento de bons
software educativos, inúmeros jogos e uma ótima versão do Logo (até hoje, mesmo
com as facilidades e velocidade dos Pentiuns, o Logo para essas máquinas não
dispõe das facilidades que o Logo do MSX dispunha como por exemplo, animação).
Com
todas as facilidades e dificuldades do MSX, ele foi adotado como o computador
para a educação. A simplicidade do MSX e o fato de não dispor de muitas
alternativas do ponto de vista de software, reduziu a questão do uso do
computador na educação em termos de dois pólos: o uso do Logo ou de software
educacionais como jogos, tutoriais, etc.. Por exemplo, no caso do Logo era só
ligar o MSX que a Tartaruga aparecia na tela. Não era preciso enveredar por
atalhos como sistemas operacionais, diferentes hardware, etc. e o professor
podia se concentrar nas questões pedagógicas do uso do computador na educação.
Surgiram também outras modalidades de uso do computador na educação como uso de
multimídia, de sistemas de autorias para construção de multimídia e de redes. A
questão educacional atualmente não pode ser dicotomizada em dois pólos, como na
era do MSX.
O
programa é a descrição da resolução do problema na linguagem de programação.
Esses sistemas possibilitam ao aluno descrever a resolução do problema para o
computador e com isso engajar-se no ciclo da programação adquirindo novos
conceitos e novas estratégias. Sem esses conhecimentos é muito difícil o
professor saber integrar e saber tirar proveito do computador no
desenvolvimento dos conteúdos. A nossa experiência observando professores
desenvolvendo atividades de uso do computador com alunos tem mostrado que os
professores não têm uma compreensão mais profunda do conteúdo que ministram e
essa dificuldade impede o desenvolvimento de atividades que integram o
computador.
Assim,
as novas possibilidades tecnológicas que se apresentam hoje têm causado um
certo desequilíbrio no processo de formação do professor. Isso só não é
totalmente verdade por que o professor que usou o MSX possuiu uma boa noção da
base pedagógica que sustenta o uso do computador na educação e tem muita experiência
nessa área.
Por
exemplo, através da ligação desses computadores na rede Internet o professor na
escola pode estar em permanente contato com os centros de formação. Através
desse contato os professores e os pesquisadores dos centros de informática na
educação podem interagir e trocar idéias, responder dúvidas, participar de
debates via rede, receber e enviar reflexões sobre o andamento do trabalho.
Esse contato poderá contribuir tanto para a formação do professor quanto para
auxiliá-lo na resolução das dificuldades que encontra na implantação da
informática nas atividades de sala de aula. Mesmo os cursos de formação poderão
explorar as facilidades da rede para minimizar os efeitos da retirada do
professor do seu contexto de trabalho desenvolvendo cursos que combinem parte
presencial e parte via rede, como está sendo atualmente feito em diversas
experiências de formação realizadas pelo NIED.
Na
verdade, a introdução da informática na educação segundo a proposta de mudança
pedagógica, como consta no programa brasileiro, exige uma formação bastante
ampla e profunda do professor. Mais uma vez, a questão da formação do professor
mostra-se de fundamental importância no processo de introdução da informática
na educação, exigindo soluções inovadoras e novas abordagens que fundamentem os
cursos de formação.
Assim,
os autores concluíram que em diferentes países a introdução de computadores nas
escolas não produziu o sucesso esperado, ou seja, os projetos ambiciosos, em
grande escala, não têm conduzido aos objetivos programados, mesmo quando
deixados ao sabor do livre mercado, como no caso dos Estados Unidos ou quando
são bem planejados em termos de público alvo, equipamentos, materiais,
software, meios de distribuição, instalação e manutenção, como é o caso da França.
No
Brasil, embora a introdução da informática na educação tenha sido influenciada
pelos acontecimentos de outros países, notadamente França e Estados Unidos, a
nossa caminhada foi muito peculiar. Os avanços tecnológicos têm desequilibrado
e atropelado o processo de formação fazendo com que o professor sinta-se
eternamente no estado de "principiante" em relação ao uso do
computador na educação.
Nesse
sentido, fica prejudicado, mais uma vez, o nosso sistema educacional porque as
tecnologias que poderiam nos trazer benefícios, avanços, só trazem problemas e
gasto de dinheiro público, visto que são altos mas são empregados de forma
equivocada. Seria mais eficiente e eficaz, antes de comprar os equipamentos,
transformar o costume e postura dos nossos professores?
Nenhum comentário:
Postar um comentário